Fernando Magalhães Chacel (1931) é, certamente, o mais conceituado e bem sucedido arquiteto-paisagista brasileiro da geração pós Burle-Marx (1909/1994). Com mais de 50 anos de atividades profissionais o que mais impressiona neste homem já de cabelos e barbas brancas é a sua enorme vitalidade e a dedicação ao trabalho na pesada rotina à qual se dedica diariamente no seu escritório no centro do Rio de Janeiro. É do 14º pavimento de um edifício na Avenida Almirante Barroso – com vista privilegiada para o Teatro Municipal e, ao fundo, o Aterro do Flamengo emoldurado pelo Pão de Açúcar – que Chacel concebe e conceitua seus projetos. Aqueles que tiverem a oportunidade de uma breve passagem por seu escritório poderão observar que Chacel, no momento, coordena e desenvolve dezenas de projetos paisagísticos em vários locais do Brasil. No Rio de Janeiro está à frente do projeto paisagístico da Cidade da Música – de autoria do arquiteto francês Christian de Portzamparc – que será implantado em breve na Barra da Tijuca, na zona oeste da cidade.
Como se não bastasse a grande quantidade de projetos que desenvolve no escritório; Chacel, que é Professor Visitante da Universidade de Montreal no Canadá, ainda dedica-se a coordenar (e lecionar) os cursos de graduação e de pós-graduação em Paisagismo da Escola de Design e Artes Visuais da Universidade Veiga de Almeida, também no Rio de Janeiro. Como professor de paisagismo já estruturou e desenvolveu vários cursos para o Instituto de Arquitetos do Brasil em muitas cidades do país e é também um conferencista muito requisitado não só no Brasil como também no exterior. Em meio a tantas atribuições, ainda assim, o sempre gentil e bem humorado Fernando Chacel concedeu esta entrevista exclusiva para o Vitruvius. Foram quase três horas de (boa) conversa onde o entrevistado relatou questões e fatos fundamentais para a correta compreensão da grande importância do profissional de Paisagismo no Brasil em um contexto tão adverso como o das nossas cidades, notadamente as metrópoles como Rio e São Paulo. Visivelmente emocionado em vários momentos da entrevista, Chacel derramou algumas lágrimas ao relembrar amigos e parceiros já falecidos, como também ao falar das injustiças e das grandes mazelas sociais existentes no Brasil.
Todavia, numa visão otimista de seu tempo, Chacel arrisca dizer aos mais jovens que esta é uma das profissões do futuro, não por estar vinculada a qualquer tipo de modismo, mas sim por que, no seu entendimento, o arquiteto-paisagista será um dos poucos capacitados a atender às demandas sócio-ambientais que o novo século introduziu.
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