Na sabedoria da cultura popular o fulano pode morrer em paz depois que tiver completado sua missão na terra: plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro. Tudo no seu tempo. Esse é outro clichê dos bons.
O reflorestamento, com toda essa história de aquecimento global, é um assunto que está na moda. No caso, muita gente teria morrido sem descançar em paz, porque essa atitude ecologicamente responsável é uma daquelas que todo mundo acha bonito fazer mas ninguém faz, tipo separar o lixo ou juntar o cocô do cachorro na calçada. Provavelmente eu já tenha plantado alguma árvore. Não, não estou me referindo às sementes de melância que joguei na grama, até porque melância não dá em árvore (assim como o dinheiro do meu pai). Deve ter sido em algum projeto da escola na semana do meio ambiente ou no dia da árvore. Nada que tenha partido da minha vontade ou consciência.
Ter um filho. Vejamos, as famílias já não têm o mesmo perfil de quando nossos pais eram crianças. Família pode ser tudo, não precisa mais ser um homem + uma mulher + um (ou nove) filho(s). Mas não é por isso que as pessoas deixam de ter filhos. Eu, por exemplo, quero ter três desses, no tempo certo, com o orçamento certo. Acredito que essa seja a parte mais fácil da receita para a felicidade do homem. Não que filhos não incomodem, mas até a parte de tê-los é barbada. Não é à toa que ainda vemos crianças como mães de outras crianças (isso já é outro post).
A parte do livro já é um pouco mais complicada. É preciso ter o que escrever. É preciso uma vida emocionate para relatar ou então uma boa imaginação. Ainda exige que muitas árvores (aquelas que tu plantaste) virem papel (logo tu terias que plantar mais árvores para compensar o gasto). É preciso saber ler e escrever, o que não é tão comum assim quanto se imagina (isso já dá outro post). Meu avô escreveu um livro! Isso há uns 6 anos, entitulado “O Rei Verde”. Não, não fala sobre ecologia, mas sim sobre as experiências de vida dele e seu sucesso como empresário no ramo da erva-mate. Nunca li. Nunca procurei o resumo na intenet. Sei que sou uma neta desnaturada, mas também não foi nenhum best seller (também não gosto de best sellers). Acredito que esse livro tenha sido mais uma realização pessoal do que uma vocação literária. Eu sempre tive vontade de escrever um livro… Um dos bons! Talvez não um, mas dois… ou muitos. Já tenho até frases e expressões preparadas para ele. Me falta a história, naturalmente. Um dia, quiçá, o farei para poder morrer e dizer que aproveitei minha vida e deixar minha obra para meus filhos e suas árvores.
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